Se te parece ridícula esta minha tendência para a escrita, não leias. É muito simples. Pararás aqui mesmo neste ponto que se segue.
Porque à terceira linha ou quarta só chega quem quer. E ao fim do texto só mesmo quem pode. Escrever é um batimento, um seguir atento, uns minutos de paz, de mesa redonda connosco próprios, uma arrumação. É uma esplanada como esta de onde escrevo mesmo agora, um cheiro a maresia, um recolher obrigatório. Não é negócio, é ócio.
Já reparaste alguma vez na sombra que se projeta na parede branca de uma tarde de verão? Já sentiste, sem protestar, a chuva miudinha que resolveu aparecer? Já atiraste uma semente à terra e esperaste vê-la aparecer por ali acima como quem se envaidece por estar a crescer? Já evitaste pisar uma joaninha que se atravessa no teu caminho? Já sentiste alguma vez, a sério a minha mão na tua? Tudo isto eu vivo para o escrever e há que escrever tudo isto para que alguns (os mais distraídos principalmente) não se sintam ridículos por aqueles que não fazem a mínima ideia do que estás para aqui a ler. Porque eu sei que só alguns chegarão a esta linha do texto. E, neste preciso momento, esboçarão um sorriso porque sabem perfeitamente do que estou a falar. E neste entretanto já surgiram todos os versos possíveis que nos unem.
Que sublime é conseguir escrever estas linhas ridículas e ter quem as leia até ao fim. Obrigada.
Comentários
Enviar um comentário