Ainda bem que não morri de todas as vezes que quis morrer – que não saltei da ponte, nem enchi os pulsos de sangue nem me deitei à linha, lá longe. Ainda bem que não atei a corda à viga do tecto, nem comprei na farmácia, com receita fingida, uma dose de sono eterno.Ainda bem que tive medo: das facas, das alturas, mas sobretudo de não morrer completamente e ficar para aí – ainda mais perdida do que antes – a olhar sem ver.Ainda bem que o tecto foi sempre demasiado alto  e eu ridiculamente pequena para a morte. Se tivesse morrido de uma dessas vezes, não ouviria agora a tua voz a chamar-me, enquanto escrevo este poema, que pode não parecer – mas é – um poema de amor. Maria do Rosário Pedreira
Algo que interessa ou não... Não sou única nem diferente... Gosto de desanuviar e, quem quiser desanuviar comigo, é bem vindo.