Somos um todo, não há volta a dar. Por muito que digam que a humanidade está em crise e que tendemos para o isolamento, há uma ainda força gigantesca e misteriosa que nos compele uns para os outros. É essa força que se sente quando se está no meio da multidão. Quando o povo se junta em torno da mesma música, da mesma palavra, do mesmo protesto. Uma onda de corações que se unem. E como arrepia esse esforço comum! Uma espécie de reunião de nomes no mesmo sítio à mesma hora. Um uníssono respirar, a morte certa de todos nós aliviada por um momento de paz ou conforto ou consciência de que afinal somos todos feitos do mesmo. É na linguagem, seja ela feita de palavras, sons, gestos, que a experiência se torna concreta e percebemos que há um mesmo viver que nos une. Os mesmos problemas e alegrias, ansiedades e desejos. Uma comunicação consequente. De repente, naquele instante, as pessoas chamadas ao mesmo lugar vivem a mesma linguagem, não a intelectualizada, mas a linguagem na sua função comu...