Cada vez mais extremos disto e daquilo.
Ou se está pateticamente feliz ou exageradamente deprimido.
Ou se está morto de cansaço pelo trabalho excessivo.
Ou parados num tempo inútil.
Ou nos (des) encontramos ou nos isolamos.
Ou vivemos no caos ou vivemos na exímia ordem.
Já não há lugar nem paciência. Ou é oito ou oitenta.
Parece que só ambicionamos o excesso, a estrutura.
Vivemos atafulhados de estatutos e de planos cumpridos ou por cumprir.
Idolatramos os pés bem assentes no chão, os horários certos.
Ambicionamos a confiança, o definitivo, mas vivemos de pé atrás.
Queremos ser os lugares certos, mas atormentados pelo desejo.
Viramos o rosto para o chão com medo de pisarmos as nuvens.
Temos receio do novo, da doença, dos fins e do bicho papão.
Invade-nos a apatia, o desconsolo, subsistem as horas incompletas.
Somos cada vez mais chumbo ou ferro ou dor.
E menos flor, fogo, ar ou luz.
Somos cada vez mais almoços atrapalhados e relações de circunstância.
Sentimos o peso do mundo nos ombros, disfarçando como se nada fosse.
Temos medo de falhar. Ouvimos de tudo um pouco e não nos concentramos em nada.
E assim vamos andando, praguejando contra nós, contra tudo e contra todos.
Sentimo-nos filhos de uma liberdade pantanosa.
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