é quase sempre no mesmo tom entusiasmado
que te perguntam das vibrantes conquistas
as primeiras:
com que idade perdeste o primeiro dente
com que idade aprendeste a andar de bicicleta
com que idade leste as primeiras letras
com que idade inauguraste as inseguras braçadas
com que idade fumaste o primeiro cigarro
com que idade ensaiaste o teu primeiro beijo
com que idade largaste a casa dos pais
com que idade abriste a porta da tua casa
com que idade conseguiste o teu primeiro sustento
com que idade com que idade com que ansiedade
e é na base destas perguntas constantes que vais acelerando
tentando provar a todos que és capaz de mais e mais
até que, um dia, te apercebes
e, agora em tom espantado, perguntas
porque deixam de perguntar e deixam de se interessar
pelas tuas novas conquistas
as verdadeiras:
com que idade já nem te perguntam a idade
com que idade te olham surpreendidos para o que fazes acontecer
com que idade descobres com entusiasmo
que continuas a aprender, a perder, a ganhar, a largar, a ensaiar
e com que felicidade!
e é na base destas constatações que vais desacelerando
tentando provar a ti mesmo que és capaz de mais e mais:
Ser! Ser mais lento, mais velho, mais inteligente!
e é quase sempre no mesmo tom entusiasmado
que te orgulhas das tuas vibrantes conquistas
como se fossem as primeiras:
e assim tão determinado
nem precisas que te perguntem mais nada!
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Wah-wah)
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