Vai a enxada do ar à terra, numa atitude precipitada
com a urgência de a causticar
e esta terra já de si tão seca e gretada…
mas a mulher que empunha a enxada,
também ela tão gretada e seca,
suspende por um breve instante a terrível golpada.
É nesse preciso segundo (tinha estado a tarde quente)
que, surpreendentemente, surgem firmes e vigorosas bagadas.
Confundem-se as águas das lágrimas e do suor.
Misturam-se as águas do corpo e do céu.
Chove que Deus a dá! Fica a terra aliviada!
É então que a mulher e a terra molhadas
ganham novo fôlego e, num golpe inflexível,
conduzem com temperança a enxada
à descoberta de novo centro fértil e húmido!
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