Avançar para o conteúdo principal

impertinências

Uma friagem danada de exigir casaquinho e surgia a manhã em nevoeiro.
E foi uma folhinha impertinente a que, de imediato, se veio pôr a meus pés
Veio e pousou lenta, de verde desbotado e com insistentes achaques de amarelado.
Pensava, talvez, que lhe fosse prestar a devida vénia, mas ali ficou, desprezada.
Contornei-a e segui o meu caminho.
Na volta, já despontava algum sol por entre as nuvens
e eu, ainda bebendo a sua sombra devagar, e por dentro de mim o som do mar.
Contornei-a e insiste ela em meu caminho…
a mesma folha impertinente a exigir outono, a exigir intimidades.
E se as folhas do outono cismarem aqui à minha porta todos os dias?
convidando-me aos castanhos e amarelados?
a obrigar-me a não ficar presa ao verão?
anunciando que está a acabar, quando eu estou sempre disposta a começar?

Mónica Costa






Comentários