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Um tempo pelo 102º

Ontem o tempo fez eco no meu cérebro.
Condensado. Atrofiado. Indeciso e, sobretudo, nublado e pesado.
O dia começara cedo, como sempre. As horas foram passando, entre "Stôra, o que vamos dar hoje?", "O X está a faltar. Magoou-se em EF!", "Diga lá, vai sentir saudades nossas, não é?", ...tudo preceitos e novidades que a miudagem considera pertinente, e de importância tipo vida ou morte. O tempo arrasta-se e chega a hora daquela turma, difícil e de humores voláteis, em que a tua resistência é testada. Não sei se há limite ou se tenho limites...Limito-me a entrar em piloto automático, esperançada que a experiência condicione a reacção correcta, no momento certo.
Há muito que confio neste meu GPS. Poderão pensar que parei no tempo. Pois bem, não creio que assim seja. Fui refinando posturas e abordagens...afinal a miudagem continua a Vox Populi de gerações de progenitores que me passaram pelas mãos. Vivem dramas que, apesar de mudam-se os tempos, não muda nos afectos e no olhar perdido de quem procura mas não sabe bem o quê. Tento abstrair-me da sensação de impotência perante este pedido de ajuda silencioso, por vezes, ruidoso. Ontem pouco restava de mim para dar.
Lutei, qual gladiador intolerante à derrota, com a nuvem a tornar-se, cada vez mais, pesada, penosa, precisa.
Ao final da tarde, rendi-me.
"Vai-te embora!", grita todo o meu ser.
Inicia-se o diálogo entre o politicamente correcto e a preservação da minha saúde mental...
Argumentos de fraqueza e pejora, de falta de profissionalismo, de remorsos pré-acto, confrontam-se com argumentos de que, na última semana, já nada é absorvido pelas pequenas ervilhas, que já dei muito em troca de pouco, que não se vai reflectir no cumprimento do programa...e ladainhas semelhantes. Nada que não tenha já discutido com a Goulão, oh tantas vezes, nestes últimos anos.
Quase ao toque de entrada, preencho o formulártio e penso "Que se lixe!". Fujo da canalha, entro na secretaria, entrego o que corresponde a um tempo ao abrigo do 102º. Ala...dar à chave, pôr-me a caminho de casa ao som do fado (que adequado), perseguida pela nuvem pesada, penosa, precisa.
Um tempo que me permitiu chegar a casa, aninhar-me entre e com os que mais amo. Cura perfeita!
Hoje, nova jornada de perícia profissional. Espero que a temperatura esteja amena, assim como aquelas almas das quais me imcumbem de cuidar.
Tenham um bom dia.


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