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bicho da terra e pequeno

fico bem assim resignada à condição de bicho da terra e pequeno

livremo-nos

mulher, arte, amor, poesia, mar, viagem, voz, sonhar, café, ler, palavra, grito, sentir, escolha, vestido, bicicleta, respiração, pessoa, conhecimento,  chave, luz, música, dançar, ouvir, paz, partilha, vermelho, risco, quebrar, choro, rua, manhã, caminhar, ver, nu, pensamento, gostar, sábado, eu, lápis, ir, ficar, chocolate, festa, igualdade, pôr do sol, chuva, sorriso, azul, flor,  tu.

a mansa-fúria do nosso amar!

Se hoje não estivesse aqui onde estou, nem tu ausente de mim estivesses, na tua boca sensualizada havia de celebrar a mansa-fúria do nosso amar! poema de Severino Moreira

voando para sul

Nestes últimos tempos tenho acordado muito cedo, muito antes do cantar dos pássaros. Vou com um olho aberto, outro fechado, cabeleira em sobressalto e pijama em desalinho em direção à janela. Abro-a sorrateiramente e apanho-os, normalmente, sem pio.  Mas, hoje… sou surpreendida por umas empreendedoras madrugadeiras de asa preta. Nem imaginam quanto chilrear há neste alpendre! Mesmo aqui, no canto superior direito desta varanda, descubro um ninho de andorinhas! E nada estão preocupadas com a barulheira que me espanta. Lá andam na sua azáfama, entrando e saindo dos ninhos em execução, desenfreadas e em grande alarido como quem prepara uma festa. Três ternurentas bolinhas pretas sobrevoando o meu pátio e vão chamando outras numa alegria tal que nem dão por mim. E assim me conseguem convencer de que vale a pena começar o dia a sorrir e encará-lo como dia de festa. Aos primeiros, embora tímidos, raios de sol, fico completamente rendida a esta luz que alimenta este bailado de andorinhas. São

segredo

faz o favor de me abrigares só teto nada de paredes meias amoras bravas dependuradas restos de flores silvestres daquelas bem abandonadas mas bonitas à beira da estrada a compor a tua entrada mandas vir outra vez as ovelhas como quem chama pelas cabras e deixas entrar as garças, rosas do sul, como quem põe a tocar uma valsa de Strauss

Há sempre alguém

Há sempre alguém que falta mas há sempre alguém que nos falta Há sempre alguém que fala mas há sempre alguém que nos fala Há sempre alguém que falha mas há sempre quem valha a pena Há sempre alguém que nos vale.

A vida vibra vestida de vermelho

A vida vibra vestida de vermelho, Mas a distância que se fazia perto, Jaz adormecida na sua torre, Que o vento que passa, Não despedaça, apenas por graça... (texto e fotografia de Margarida Oliveira)

e o sol vai testando devagarinho a nossa paciência

um vento morno que perpassa na pele dos braços nus e entra suave pela roupa adentro um fio outro fio de cabelo os teus olhos e os meus as mãos repousando nos braços da cadeira e o sol vai testando devagarinho a nossa paciência e do nada começa a soar a musiquinha maluca que ouviu dizer que existe paraíso na terra há mesmo coisas que nunca entenderemos como esta de podermos ser tão felizes com tão pouco

atira-me os olhos para este chão

Quanto a esta cadeira o que tenho a dizer é o seguinte: está um pouco tensa sabe de cor o real valor  que não é das coisas mas de quem as sente. É assim que principia esta conversa sílaba a sílaba deixando que percorra o olhar pela sala toda. E sabendo de cor o valor do que sinto esta cadeira onde me sento atira-me os olhos para este chão lembrando-me que nem sempre se encontram as estrelas no céu.