Nestes últimos tempos tenho acordado muito cedo, muito antes do cantar dos pássaros. Vou com um olho aberto, outro fechado, cabeleira em sobressalto e pijama em desalinho em direção à janela. Abro-a sorrateiramente e apanho-os, normalmente, sem pio.
Mas, hoje… sou surpreendida por umas empreendedoras madrugadeiras de asa preta. Nem imaginam quanto chilrear há neste alpendre! Mesmo aqui, no canto superior direito desta varanda, descubro um ninho de andorinhas! E nada estão preocupadas com a barulheira que me espanta. Lá andam na sua azáfama, entrando e saindo dos ninhos em execução, desenfreadas e em grande alarido como quem prepara uma festa. Três ternurentas bolinhas pretas sobrevoando o meu pátio e vão chamando outras numa alegria tal que nem dão por mim. E assim me conseguem convencer de que vale a pena começar o dia a sorrir e encará-lo como dia de festa. Aos primeiros, embora tímidos, raios de sol, fico completamente rendida a esta luz que alimenta este bailado de andorinhas. São os raios de luz em festa que medem a compasso o céu e a terra. Contrariamente ao que diz a gramática, o sol revela-se tremendamente feminino. É intuição e irradia com elegância a sua própria luz. E a este Sol, olho bom, fonte de luz, calor e energia, junta-se a dança destas andorinhas, também elas femininas, compondo o cenário ideal para este início de dia que promete festa. E eu, num ato espontâneo de feminilidade, revejo-me no reflexo da janela, dou um jeito ao cabelo, sorrio e estou pronta para mais um dia. Quem sabe surpreendente?!!
Comentários
Enviar um comentário