Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

Instituo, por decreto íntimo, Setembro como o mês das despedidas

Despede-se o Verão com os seus dias de ócio e de calor. Despede-se da cepa que lhe deu vida e acolheu o cacho farto de uva. Despedem-se de ti o meu olhar, as minhas mãos, todo o meu corpo e, com pontual solidariedade, a alma. Recolho as mãos, dispensadas do ofício da ternura. Cubro, de novo, o coração para os dias frios que o esperam. Instituo, por decreto íntimo, Setembro como o mês das despedidas. Texto de Luísa Félix

porque depois do começado

 Um frenesim de quem sabe que este corpo tem mais alma. Que já não se satisfaz com pouco. Porque depois do começado não há volta atrás. É seguir viagem. Pus-me neste estado. Fiz-me amanhecer. E eu cá ando à luz do dia na senda do arrepio que sabe que esta alma quer mais mar.

delícia

O poema obriga-me a ser quem sou. E nada há de mais delicioso do que sermos. Nós próprios com todas as nossas pequeníssimas coisas que nos tornam únicos.

ternura

 E agora, sim. Olho bem para mim.  Com a mesma ternura que nutro pelos outros.

eu começo onde me descubro*

 O café é sem açúcar mas o poema é doce A caneta de uso obediente mas a mão é vagabunda Talvez me quisessem como o café ou provavelmente como a caneta  mas esta minha vontade esbanja claridades a respiração é vadia, a agenda é longa E este poema combina com o nosso café que é motor para mais caminho. ( o título deste meu texto é da autoria de André Tecedeiro)

ninguém sobrevive sozinho

Ninguém sobrevive sozinho e basta pensar de imediato na noite de natal ou na hora H e não estou a referir-me à hora da morte mas a todas as horas que sobram antes dela Portanto vou pôr a mesa pratos, talheres e guardanapos a condizer dos de pano, dos que não se deitam fora, que se lavam e guardam para sempre vou dispor as cadeiras de par em par e abrir a porta Sim, tinhas razão.  As salas são bonitas com candeeiros de pé iluminados  e as lareiras fogosas no inverno, mas com quatro pés no mínimo entrelaçados nas almofadinhas do sofá E mesmo que te depares comigo aqui sozinha a apreciar a paisagem neste alpendre estamos doravante nisto juntos Todos os que nos decidimos ficar para nos regalarmos na noite de natal  para nos suportarmos nesta hora H Porque ninguém sobrevive sozinho.

a lei do não retorno

Qual Gretel, já sem Hansel, aprendeu. Aprendeu a enfeitar de pedras o caminho não para construir castelos não para preparar regressos mas para firmar o não caminho do retorno. (foto de Sebastião Salgado)

Isto não é um quadro de Van Gogh

Isto não é um quadro de Van Gogh.  E este Van Gogh nem é pintor.  Nem estes girassóis são um quadro.  Isto é apenas um Oh! Ou um Ah!  Tem qualquer coisa de interjeição.  E, como é interjeição, não pode ser encarada a ponto final... Hoje, isto que não é quadro de Van Gogh nem muito menos estes girassóis são uma pintura surgiu contundente na minha mochila.  Assim. Cheio de pontos de exclamação.  Como quem retira um excerto ao texto.  Sem aspas.  E é tão fácil meter a mão ao saco.  Mesmo sendo bolsa de mulher... O difícil e altamente perturbador  é ter tido a pontaria exata de te encontrar.

a.d.o.r.o.

 Adoro. Combinação perfeita: esta música e o meu mar.