Ela.
É a minha condição, portanto, percebo-a.
Ela.
É esforço permanente. Ela é irónica, subserviente, apaixonada, agressiva, tímida, rebelde, simpática, sufocada, combativa, doce, revoltada, alegre, monótona, elegante, magra, anafada, com dentes, sem dentes, musculada, flácida, inteligente, parva, histérica, acabrunhada, conversadora, reservada, mãe, tia, avó, filha, prima, amiga, confidente, inconveniente, intolerável, compreensiva, generosa, egoísta. Ela é demasiado. Ela limpa o mundo, expurga-o, areja-o, sopra-lhe o pó, desinfeta. Ela é vermelho vivo, desassossegado, doloroso, sentido.
Uma dessas elas escreveu «É possível, dizem-me algumas vezes, que não conheças nenhuma que seja uma merda? Conheço, sem dúvida, a literatura está cheia delas e a vida de todos os dias também. Mas, todas as contas feitas, sinto-me seja como for do lado delas.»
( a citação é de Elena Ferrante, o título é de Sara Barros Leitão)
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