Avançar para o conteúdo principal

ansiando a Água que nos foi roubada e que nos faça nascer de novo

fomos da Água

acolhidos, protegidos, escondidos

e de rompante expulsaram-nos do paraíso

atirados ao Ar em grito, choro repentino e aflito, 

mas sopro de vida

caímos nas malhas do tempo sem pedirmos para nascer

mas surgimos

escorregadios e lamacentos

depressa vento e chuva, depressa fome e sede

atirados aos ossos de todos, embalados pelas carnes dos outros

carne da nossa carne

e rapidamente nos vimos em chão

esgaravatando na Terra seca

(nós que fomos da Água)

de olhos esbugalhados, amedrontados pelo Fogo

tão desprotegidos e tão à vista de todos

é, então, que nos atiramos ao Ar em novo grito

tonitruante

tentando levantar os pés do chão

por medo de Fogo que nos queime

ansiando a Água que nos foi roubada

e que nos faça nascer de novo




Comentários