Avançar para o conteúdo principal

Mas é casa esperança que é sempre a última a morrer

 Esta porta invariavelmente indomável, 

que detesta chaves e não tem batente, 

é cartão de visita desta casa imponente. 

Não foi arquitetada para largos corredores

ou escadarias, 

nem sequer está preparada para salas de luxo. 

É morada pequenina de paz e de pés, 

de mesas baixas e arranjadinhas, 

de móveis de todas as cores, 

de vasos com flores, 

de esboços e sorrisos. 

É casa alegria. 

É casa imperfeita e modesta, 

mas com os olhos postos no mar. 

É paixão. É vício. É surpresa. 

De hoje em diante, eu sou esta casa

como quem veste uma segunda pele.

Sou casa movediça de janelas pequenas

a crescer por entre as rochas. 

Delas se desprendem as cortinas que esvoaçam

e há calor

E delas espreito o imenso oceano

e tudo se ilumina. 

Sei perfeitamente que nem tudo é cintilante

porque há uma raiva que subsiste, 

uma urgência em esquecer, 

um silêncio que se impõe e que assombra. 

Mas é casa esperança que é sempre a última a morrer.





Comentários