Era um arado tão arado daqueles muito lentos
que sulcava a terra com paciência…
E há quem diga que terra sulcada pacientemente é verso trabalhado
porque tal como o boi puxa o arado e o arado sulca a terra
assim vai o poeta traçando com cautela o seu verso
E há quem diga que o trabalho da terra é árduo, é tarefa persistente
vai o boi mais o arado uma e outra vez insistentemente
e vira em sentido contrário e de sulco em sulco vai construindo o seu sustento
E como o regresso à terra é urgente!
E como é precioso o recurso à poesia!
Trabalhar o verso e o reverso destes dias de terra que são também cadernos de linhas
Seja traço premeditado ou risco repentino de quem adverte
que para cada verso há sempre o seu avesso mesmo que em terreno fértil
E eu conduzo o meu arado com esta minha BIC entre os meus dedos
e vou sulcando cada linha de tinta deste meu caderninho de terra e em verso
corrigindo e reescrevendo os rabiscos e os reversos destes sulcos sustento
E assim, seja com arado ou caneta, se arquiteta a diversão em cada movimento
que é como quem diz: vamo-nos voltando para o outro lado
para aquele que não seja o verso da preocupação
ficam assim o homem e a sua terra com o seu único verso que lhe ferve: o uni-verso!
É uma trabalheira deliciosa!
Umas quantas horas em dedicação carinhosa – vai cada um aos seus frutos!
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