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primavera encarcerada

Não sei se por afronta ou infinita liberdade
Não sei se foi pela minha teimosia privada
ou a ânsia do corte profundo com a quietude comezinha
que reparei, hoje, na minha mãe
ciente de que conseguiria abrir uma fresta naquele muro
mas há pessoas que não têm remédio...
vão deixando andar...

E lá ficou ela obsessivamente
enfiada naquela cozinha
a limpar e limpar o que não se limpa
firme por entre paredes
que se dissolvem dia após dia

As mães ensinam-nos sempre tudo
nem que seja por afronta
... e quem vier depois que pague a conta!

Mónica Costa
(pintura de Arthur Hacker)










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