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esta invasora. uma devassa

É a luz a atravessar tudo esta invasora! Uma devassa! que me tem desafiado estes anos por inteiro uma força que quer que eu faça e me misture. É a luz a atravessar-me toda.

É uma inquietação desgraçada

 É um faz de propósito para me fazer feliz. É um não estar ao serviço e servir. É a pitada de nada que é tudo. É um momento Um. É um formigueiro que se estende de mim para ti. É um não medo. É um estar de olhos abertos e brilhantes. É um correr para buscar. É um chorar e sorrir  que faz parte do dançar. É uma exaltação. É uma coisa de pulmão. É um querer tanto tanto. É um estímulo para continuar. É um ar fresco. É um mistério que se vai desvendando. É uma sempre qualquer coisa que está para acontecer. É uma inquietação desgraçada. É esta a poesia da vida!

Só porque me delicio por teres chegado

Faz de conta que vens À hora dos mágicos cansaços! Faz de conta que (ainda) vens a tempo de me encontrares A salvo! Faz de conta que ficas de qualquer jeito, só porque sim E que te encanto! E eu farei de conta que vou Só porque me delicio por teres chegado.

Que frenesim te impele para algo?

A lembrança daquele frenesim miudinho que cresce dentro da gente e que nos impele, com uma vontade sincera e inexplicavelmente importante... para algo. Como quando éramos crianças e a simples ideia de que poderíamos correr por ali fora se transformava imediatamente no ato imediato de correr para a porta... e correr. Era a alegria do agir! Ou a simples ideia de que, no final do dia, seríamos presenteados com o melhor lanche do mundo- o da nossa mãe. Ou iríamos andar de bicicleta com o nosso irmão ou vizinho ou primo. Era a alegria do estar! E depois vamos crescendo. Temos muitos mais recursos, encontramos muitas pessoas, conhecemos tantos lugares bonitos e, no entanto, somos tantos a viver com tristeza e apagados. Não reconhecemos a saúde, a paz, o amor que nos rodeia. O que continuamos a fazer em prol da alegria do simples fazer? Com quem gostamos genuinamente de estar? Que frenesim te impele para algo?

mantém-se o ciclo

continua a mesma dança nas árvores em roda mantém-se o ciclo que tudo renova

e tudo nele brilha

Ai, Alcides, estás velho e sábio Ai, ai, sonhas, mas avanças Agora sabes que é de ouro a tua carcaça Levou tempo, mas valeu a pena Tens o céu por dádiva certa Não há mais ilusão que te atraia Podem vir mármores, espelhos ou prantos Ai, Alcides, estás velho, mas atento Crês na tua, não na deles, confiança Tens, agora, o dia, e não a lua, por encanto. (fotografia de Sophie Etchart)

e depois há o teu olhar

Enquanto aguardo por ti penso nos minutinhos últimos desta espera Obstinada e doce tarefa De quem se gosta e já não quer A despedida. (versos de Adélia Carvalho, no café da manhã)

O urgente, mas sobretudo o emergente.

Tenho tentado todos os dias um pouco mais E é nesta tarefa de infindável paciência neste assomo de curiosidade pelo que ainda falta que tento todos os dias um pouco mais Uma espécie de jogo que me encanta que me dá a possibilidade de acreditar na razoabilidade luminosa de todas as coisas As grandes, mas sobretudo as pequenas As sonoras, mas sobretudo as silenciosas As concretizadas, mas sobretudo as adiadas O urgente, mas sobretudo o emergente.

Chamar-lhe um figo

Ela juntou-se a mim ou fui eu que me encostei à sua sombra. Já nem sei. O que sei é que, quando dei por mim, tinha nas mãos estas doçuras que ela me dera. Ou fui eu que lhas tirei. Já nem sei.   O que sei é que há quem as devore inteiras. Eu prefiro pegar-lhes com as duas mãos. Com cuidado. São moles e são umas doçuras. Exigem cuidados. Ou esventro-as, tal a ansiedade de lhes meter a boca. Já nem sei. O que sei é que, quando dei por mim, já não era uma, eram quatro e todas despedaçadas. E há restos que ficam. O que sei é que há quem as devore, engolindo-as por inteiro sem deixar qualquer vestígio. Eu costumo deixar vestígios e já não consigo disfarçar felicidades.