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adianta-te e mede-me o braço

adianta-te e mede-me o braço mas não me iludas, por favor, trago a asa em ferida e é só água sob este chão é sítio-fogo que só sabe ser  sítio onde, um dia, quis ser sítio cheio, sítio-olhar e por vezes dói tanto este céu inteiro e já nem preciso de ver para crer trago os ossos desalinhados faço do sorriso Porto de honra não é carência nem inocência é só dores de crescimento

mas eu ainda não encontrei o que procuro

Um copo meio cheio? Um vento que chateia? Um sol em dia de trabalho? Uma decisão pendurada? Um sorriso amarelo? Umas nuvens no céu? O quase fim do processo? A conclusão à vista? A segunda metade? O último recurso? Um falhanço do melhor? A ligeira vénia? A tentativa do outra vez e outra vez e outra vez. O quase aproximado do pretendido.  A equação do possível. A novidade da probabilidade daquilo que o passo te trará. O dia em que, satisfeitos, concluirmos que nada mais há a desejar?! 

Vai encher-se de medo

Vai encher-se de medo quando lhe disser que é o sentir, o entardecer o acordar, a vontade de sol  o passear, o estar. Há lá coisa mais simples e luxuosa de se ter! Há lá coisa mais desconcertante de se temer!

súmula da manhã

Vai enquanto não chove e, se chover, regressas na mesma com as tuas certezas. E, nesse intervalo de céu limpo,  folga o pé e a cabeça. Reina à tua vontade!

só mais um dia de encanto que nos contente

 Claro que encostados andamos e somos vida uns dos outros                       Temendo tanto que as alegrias nos contenham       Receando o fim preparado um pouco mais todos os dias                  só mais um bocado bom antes que a morte venha  Claro que é de costas que nos colocamos perante o abismo                           Restando a esperança que alongue caminho Sufocando cada soluço que se nos detenha e nos acrescente                         só mais um dia de encanto que nos contente

Quando nós dançamos até à aurora, a lua tem piedade de nós

Nunca conseguirás entender este cheiro a laranjas descascadas.

mar

Quantos caberiam... mas a vida deu-te apenas o mar.

E agora? Mal seria não continuar.

Criaram portas becos com saída linhas férreas criaram estradas com vistas para os lados levantaram-nos a espinha desentupiram-nos as narinas para que apreciássemos as flores E agora? Mal seria não continuar.

Há dias

Há dias em que tudo se agiganta: o soalho que range a persiana que estala o simples pingo que estoura na chapa uma porta que bate. (pintura de Ana Cristina Dias)