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E agora? Mal seria não continuar.

Criaram portas becos com saída linhas férreas criaram estradas com vistas para os lados levantaram-nos a espinha desentupiram-nos as narinas para que apreciássemos as flores E agora? Mal seria não continuar.

Há dias

Há dias em que tudo se agiganta: o soalho que range a persiana que estala o simples pingo que estoura na chapa uma porta que bate. (pintura de Ana Cristina Dias)

de cá

Já cá canto E sou de cá do lado do mar

amarar

Tu que te pensas no reino das nuvens Fica sabendo que amarás Munes-te (em jeito sensato) de capacete de mar fato de banho riscado como convém em época balnear Ensaias aquele ar de entendida na matéria dás braçadas a mil, respirando pelo nariz rasgas os oceanos com os pés e sentes-te perita em marés altas Tu que sempre te pensaste no reino das nuvens chegaste bem a tempo de ti mesma! (pintura de Johannes Wessmark, acrylic and oil on canvas)

esperança esperança esperança

 Já nada custa elevar o nosso mundo à verdade e pureza iniciais tudo se transforma – é verdade mas nada se perde – essa é a pureza quando se julga a meta próxima acordando, reparamos que é renovada a determinação traz-nos o pássaro dos dias no seu bico incólume a palavras tantas vezes repetida esperança    esperança    esperança

persiste o fenómeno

Claro que sei que não se deve encher o vazio com vazio nem querer retirar o peso à pedra naturalmente pesada Mas esta minha anca insubordinada que insiste nessa tua mão direita faz-me quebrar todas as leis…

para te receber quando aqui chegares

 já pensei em cruzar os braços e carregar o sobrolho como quem acha que vence por amuo ou enfiar as mãos nos bolsos e deixar o olhar sem rumo como quem se deixa vencer pelo cansaço já pensei em intimidar o meu próprio eu e atirar um «Mãos ao alto!» esperando que o tiro saia pela culatra mas vence sempre este meu abraço que se abre porque quero ter os braços sempre bem abertos  para te receber quando aqui chegares

podes vir à quinta feira

Manda-me o lado certo acolher-te com ternura Neste jogo de preparos do verão que é tempo de água e paz e de fruta madura

Não há outro remédio senão o da transformação

É preciso cair, é preciso cair! Mas deve ser uma daquelas quedas a valer. E depois duma dessas quedas, nunca mais se temerão as escadas. O processo está a decorrer e, agora, já não há tempo para recuos. Não há outro remédio senão o da transformação. Há que perceber que os ratos não gostam de gatos. Ponto final. Há que saber dar a volta ao corta-cabeças e saber pintar de vermelho as rosas brancas. Ponto final. Há que achar a chave para cada porta, portanto, não vale a pena choramingar. Ponto final. Há que saber ler e desconfiar um pouco. Há que concluir que todos ganham e todos têm, de uma forma ou de outra, direito ao seu prémio. Ponto final.