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gente-seiva

Os meus lugares sagrados nunca foram igrejas, capelas ou adros sítios-pedra á morte e ao silêncio condenados. Os meus lugares sagrados sempre foram jardins habitados por gente-seiva cujos ramos se estendem em perfeita simbiose com as árvores.

e a regra é clara

  É muito difícil apanhar uma borboleta e a regra é clara: Não se devem apanhar borboletas! (a não ser em pleno voo)

cio de terra e de água

 reencaminhas-te em cio de muitas vontades cio de terra e de água buscamo-nos imponho-me e o ninho de outrora que outro adora já não o quero de meu apenas este anseio revisito-me princípio de estio fim de frio minado laboriosa pedra tesouro nosso encaras-me encaro-te

às sete em ponto estes sete patos e tal

e assim usufruindo da mudança da hora e da idade às sete e pouco como se fossem ainda seis dás alas a esta tarde  falas baixinho como quem se desvenda  em segredo... e pedes-me mais um bocadinho - faz de conta!... dizes sorrindo faz-te primavera traz mel a este dia e fica admirando às sete em ponto  estes sete patos e tal  ao entardecer

esmagado por esse céu e terra

De cima colhes a esperança De baixo aguardas e pica o peixe o anzol E enquanto esperas e colhes ciente de como és pequeno esmagado por esse céu e terra sonhas que tens o que mereces

o meu azul

Acontece já há muitos anos o mesmo. Chegava com vontade de pisar a areia. Eram pés pequeninos, na altura. Baloiçava este corpo com energia e corria que me fartava pela areia fora até à água. Tinha receio que o mar se fosse ou o dia não chegasse para tanta brincadeira. O pai ralhava, a mãe ralhava e eu feliz. Encantada por este azul. Acontece há muitos anos o mesmo. Chego com vontade de pisar a areia. Os meus pés agradecem-me a gentileza. Andam cansados, por vezes, porque nem sempre este corpo baloiça leve e com energia. Já não corro. Sei que o mar não foge e que o dia chega perfeitamente para o que quero. O pai já não está, a mãe já não tem forças para ralhetes. Eu cá estou para ti com o mesmo sorriso de menina encantada pelo teu azul.

não mais

Se a pálpebra abaixo não mais me dilata a pupila.

roda viva

Tão pouca cabeça entre os ombros Uma confusão ingénua entre bocal e coração Roda viva à volta desta mesa tão mal posta E nunca a mesa e a cadeira se alinharam a bem Quando estava o prato vazio era a fome tanta Agora que triunfa o prato cheio falta-lhe o apetite...

Vou-vos confessar

Vou-vos confessar com o cansaço de quem cai e exibe os joelhos esfolados cada vez sou mais eu e cada um dos que por mim passa é verso que fica tenho um enchente de estrofes alinhadas e sou feliz à minha maneira desajeitada. Obrigada.