Um dia. E atiramo-nos de forma melancólica para o passado. Um dia. E atiramo-nos de forma heróica para o futuro. Se é verdade que o incipit das histórias da carochinha tem o dom de nos iniciar em episódios fabulosos, também todos temos consciência que são a forma de nos bombardearem com verdadeiras lições de vida. E nós estamos irremediavelmente condenados a aprender. Portanto, aquele artigo indefinido que insistentemente acompanha aquele dia reforça o carácter intemporal dessas mensagens. Os episódios vão-se repetindo ao longo dos tempos e a aprendizagem, numa perspetiva de castigo, vai-se perpetuando, para consolo de alguns. Mas a expressão «Um dia» remete também para o futuro. O início de um projeto, a esperança do que não existe, mas que pode existir, o alimento da alma, a meta como pretexto para aguentarmos este dia, na esperança de alcançar aquele dia. Só um, um qualquer, pode ser o melhor de todos, o mais perfeito. E todos sabemos como estamos irremediavelmente...