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Salvámo-nos por inquietação móvel

Este texto poderia ter sido um poema. Não é. E ter começado pelas escadas de madeira. Teria sido um início inseguro pelo acesso duvidoso ao primeiro verso que faria ranger toda a estrutura final. Assim, pé ante pé e não como quem conta sílabas, avancemos devagar e deixemo-nos levar pela prosa. Poderia, neste ponto, ter-se dado lugar a uma descrição exaustiva do corrimão e da manta elaboradamente bordada que o cobria. Ou da mobília de cores que contrastava com as máscaras de ferro que cobriam as paredes. Ou dos retratos antigos e dos candeeiros reciclados cobertos de espigas de milho rei. Mas deixemo-nos de pormenores. Já cá estou no patamar superior e não foi preciso muito enredo para aqui chegar. Só vos digo que esta história cheira a um típico bar de inverno a fazer lembrar os sombrios e misteriosos pubs londrinos. Aqui há lugar para um, mais a companhia de um livro e de uma bebida quente. Há lugar para dois, bem juntinhos à lareira, a tilintar cheers to love. Há lugar para despejarmos palavras por esta mesa que chega bem para cinco ou seis.

( o título é um verso de Luís Quintais)



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