é preciso que se agigante o abismo
a nossos pés a pedra dura
uma manhã em que não se pode mais
ou a temperatura excessiva de uma tarde
um colapso, como este, tão azul noite
as paisagens adversas, as trevas e os precipícios
o testemunho de uma morte
é preciso que percamos a razão ou a companhia
é preciso que se caia do pedestal em lodo lamacento
é preciso passar uma noite ao relento
sentirmos a lança pontiaguda no dorso animal
sentir o descompasso das pulsações por não se achar solução
para que se perceba o poema
( o título é de Miguel Torga)

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