É uma canseira escrever. Aliás, tudo cansa, nos dias de hoje. Tudo o que excede os 90 segundos e os 160 caracteres já é tempo demais. Não há paciência! Quanto mais escrever à mão e em caderno de linhas! Ui! Escrever um texto que se possa chamar de texto com direito a parágrafos é um verdadeiro tormento. Não há cá lugar para longos textos! Basta-nos umas quantas breves mensagens e nem é preciso que vá com as letras todas ou com acentos ou pontuação. Aliás, o uso de pontuação está ultrapassadíssimo e desvenda imediatamente qualquer coitado que ainda se arrisca a escrever como não deve ser. Ou como deve ser. Já nem sei. A única certeza que tenho é que é um aborrecimento escrever. E ler. Tudo o que excede as cinco linhas já é abuso.
Prova disto que te exponho é que, a esta altura, já deves estar com fortes dores de cabeça e uma pontada no coração por tanto palavreado que aqui vai. Acontece que este fenómeno estranho de articular ideias e, portanto, estruturar frases é apenas para gente que não tem mais nada para fazer a não ser dar cabo da tranquilidade daqueles que têm algo de útil para fazer. O problema é que há gente com os miolos cozidos. Só pode! Só assim se compreende como há pessoas que se dão ao trabalho de gastar o seu precioso tempo a planificar (mesmo que apenas mentalmente) o que pretendem transmitir. E depois vem outra cena ainda mais marada: a técnica do rascunho, da reescrita, do estraga papel por tudo e por nada. Mas o mais complicado ainda é arranjar assunto para escrever! E construir significado! Ui! Fazer com que o outro perceba exatamente o que se quer transmitir, sem meias palavras, sem mal-entendidos. Que canseira!
Aliás, agora que este texto está quase a chegar ao fim, dou-te os meus parabéns por teres conseguido ler o que acabei de escrever em cerca de 1836 caracteres. Que canseira!
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