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A mostrar mensagens de novembro, 2024

Está uma tarde parada com uma chuvinha que chora

Está uma tarde parada com uma chuvinha que chora Ruas quentes agora onde ainda ferve o asfalto Silêncio absoluto. Umas pingas cortam-no em instantes ritmados  batem na chapa torta mesmo aqui ao lado um pingue – pingue que parecem lágrimas espaçadas Estamos todos confinados.  Menos aquele gato. Gato vadio que tem direitos que eu não posso. Passeia imune na rua por cima do telhado de chapa Uma chapa torta mesmo aqui qual fronteira farpada que recebe as pingas que cortam este nosso silêncio e serve de trampolim a este gato vadio que insiste  Foge o gato.  Volta o silêncio absoluto.
no lá longe há sempre  algo de cativo faminto ou furtivo

fugas

A nossa noite ontem à tarde foi a manhã por que esperávamos David Mourão- Ferreira

ponto de orvalho

6.30.parecia ainda madrugada.  tão sem boca. silêncio absoluto.  aliança concertada. céu e terra. manto cerrado.  um olho aberto. outro fechado.  linha de horizonte simulada.  o perto se faz miragem. e aos poucos.  tímido ponto de luz. e é vê-lo surgir.  envolto e velado. o dia. em ponto de orvalho.  

e entro nesta que sou de verdade

sacudo a poeira da estrada deixo o mar alto à entrada limpo um e outro pé da deriva dou duas ou três voltas à chave respiro fundo está alma servida e entro nesta que sou de verdade