Deixou-se sucumbir por um banho de mar, cobriu-se de ondas, nadou no seu jeito desajeitado de quem começa a aprender a andar. Cobriu-se de areia e mastigou a melhor sandes do mundo. Depois disto, a sua criança de cinquenta e dois anos adormeceu na praia. Quando acordou, ali mesmo à sua frente, a maior surpresa do dia - um cenário digno de registo. Um pai enérgico, daqueles de encantar crianças no meio do areal, enterrava o filho na areia, a mãe falava ininterruptamente com ar de quem está inundada de família, ao seu lado a filhota mais nova praticava passos de bailarina em frente ao mar. Mas o mais encantador era a presença ao centro, imponente, da matriarca que sustem tudo isto, devidamente amparada por uma bola de pêlo ternurenta e desengonçada. Um cão de pêlo cinza escuro, animal velho com ares infantis, de longos bigodes amarelados e desgrenhados. Sentava-se molemente no areal e deixava-se transformar em almofada para aquela senhora rainha daquele pequeno reino que lhe pertencia. M...