na ponta do iceberg
fomos fugindo um do outro
fomos fugindo de todos
fomos fugindo de nós próprios
até ficarmos sozinhos
agarrados aos mortos e ao que já passou...
não nos demos ao trabalho de arranjarmos um da nossa espécie
temos, agora, como única bandeira
uma insignificante folhita de oliveira
que nos priva de quase tudo
de avançar, por exemplo
não aprendemos a nadar
e temos um dilúvio cá dentro
e o raio da nau ganha
raízes - das profundas com braços de torga
que nos devora o cérebro
e nos impede de ver o óbvio
(trabalho artístico de Catarina Paulo)
Comentários
Enviar um comentário