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um caldo tão verde

Eu sei quando é um poema e quando é menos do que isso. Sei que, na maioria das vezes não escrevo poemas. É muito mais do que isso. Neste caso, é poucochinho. E, na maioria das vezes, basta pouco, poucochinho para alegrar uma existência singela. Como um caldo verde verdinho, típico do Minho, a fumegar na tigela (tão bem cantado por Amália Rodrigues). E foi isto que despertou a minha atenção para uma notícia, noutro dia, que li de sorriso nos lábios. E isso é muito mais do que isto que agora converto em poema sem a estrutura como espartilho. Este caldo considerado uma das melhores sopas do mundo! E diga-se que esta couve (tão bem elogiada por José Saramago em A Bagagem do Viajante) assim cortada fininha a fundir-se com as batatas e os alhos esmagados mais as cebolas descascadas em camadas compõem um senhor Caldo tão Verde a quem eu própria atribuo três estrelas Michelin, mesmo que em qualquer café modesto, mesmo que numa qualquer esquina deste nosso Portugal, mesmo que em dia de chuva logo que em doce companhia. É definição de comida conforto, tão reconfortante quanto afetiva. Às vezes, basta pouco, mesmo que poucochinho para ser poema. E ai que cheirinho tem o lindo caldo verde que tu trazes nos teus olhos! (como tão bem deixou registado Carlos do Carmo)




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