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O de apreciar sem mais demoras as pequenas maravilhas do que virá

 Já tão fartos

de bocas fechadas

de sorrisos escondidos

de olhos que são lábios

da interrupção de corpos em comunhão

dos desejos controlados

da vulnerabilidade dos abraços

Já tão fartos!


Este foi o tempo dum respirar que foi acidente

tempo em que passar o testemunho

foi dádiva tão inconveniente.


Agora é tempo de lamber o sal do corpo

que ainda ficou do último verão.

Agora é tempo de atirar com o calendário

pois já os dias não são o que são.

Agora é tempo de saudades de quase tudo.


E já tão bichos enclausurados

à espera da primeira aberta da manhã,

somos mãos abertas para o que aqui está.


Agora é o tempo, é o tempo da esperança.

Não do verbo esperar, mas do verbo escolher.

O agora é tempo de beleza rara.

O de apreciar sem mais demoras

as pequenas maravilhas do que virá.


Não desperdices!





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