Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

e é remédio santo não afligir a aflição

deu-me para pôr a mão em vários sítios que não o peito e sentir o coração muito para além deste corpo não quis dirigir-me ao sítio certo porque enfim já sei que anda por perto a intenção mas não a ação e é remédio santo não afligir a aflição
Mensagens recentes

que insiste em nós e avança alvo puro

recomeço como quem reaprendeu a nadar de bóias redondas feita corpo pequenino que cedeu e se deixa enlear pelas ondas recomeço como quem sabe de cor  palavras tidas como incertas mas faz delas uma dança e atira lá bem para trás o pior  recomeça-se sempre que se quiser não dar por terminada a criança que insiste em nós e avança alvo puro

custa perceber como és tão doce!

doce demais para mim que amas as manhãs e eu as noites tu um passarinho triste e eu um corvo que adoras as guerras e eu a paz tu que te divides por muitos e eu tão um-só que te ficas pelas metades e eu tão tudo não queiras saber de mim porque não sou flor que se cheire…

Salvámo-nos por inquietação móvel

Este texto poderia ter sido um poema. Não é. E ter começado pelas escadas de madeira. Teria sido um início inseguro pelo acesso duvidoso ao primeiro verso que faria ranger toda a estrutura final. Assim, pé ante pé e não como quem conta sílabas, avancemos devagar e deixemo-nos levar pela prosa. Poderia, neste ponto, ter-se dado lugar a uma descrição exaustiva do corrimão e da manta elaboradamente bordada que o cobria. Ou da mobília de cores que contrastava com as máscaras de ferro que cobriam as paredes. Ou dos retratos antigos e dos candeeiros reciclados cobertos de espigas de milho rei. Mas deixemo-nos de pormenores. Já cá estou no patamar superior e não foi preciso muito enredo para aqui chegar. Só vos digo que esta história cheira a um típico bar de inverno a fazer lembrar os sombrios e misteriosos pubs londrinos. Aqui há lugar para um, mais a companhia de um livro e de uma bebida quente. Há lugar para dois, bem juntinhos à lareira, a tilintar cheers to love . Há lugar para despeja...

no reino

quase nefelibata: não vivo, aprecio apenas

contamos os pingos que escorriam da calha

ontem, prolongamo-nos demoramo-nos à chuva contamos os pingos que escorriam da calha foram exatamente 1342 e nós dois sentados e, sem contar,  a braços, enrolados d e m o r a n d o  na chuva prolongados

sol de outono

O sol de outono não queima, mas recorda labaredas.

eram os olhos das árvores

Quem sabe se alguém quis que os fios do destino se cruzassem neste dia. Este fruto quase insignificante, mas com tanto significado para mim surgiu no meu caminho. Ali estava ele num qualquer passeio acabadinho de cair aos meus pés. E não foi que esta moçoila ficou toda nostálgica!?  Foi no quintal da minha avó Ana que se deu a descoberta. Lá havia uma avelaneira sem saber que o era. Na minha cabeça de criança, aqueles nódulos minúsculos que nasciam por entre folhinhas pequeninas eram os olhos das árvores. Uma dessas descobertas foi perceber que afinal aquela árvore dava fruto. E como custou perceber que aquele pequeno olho era afinal um pequeno fruto! E bom! Ainda hoje adoro avelãs.