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Morremos todos os dias mais um bocadinho

 - Morremos todos os dias mais um bocadinho - mas só à noite porque de manhã outro galo canta  e diz que somos jovens demais para pensar nisso e que podemos ir por aí afora cantar a toda a gente o dia por inteiro esse novíssimo dia que nos nasce todos os dias depois da noite e logo, podemos descansar e recomeçar a ladainha - Morremos todos os dias mais um bocadinho -

Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira

Fico-me pelo Alberto, o Caeiro mais este sol nas costas que sabe tão bem mais a paz do que se quer por inteiro e se tem «Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira»

Está em tudo aquilo que te quero fazer.

Está na cabeça tudo aquilo que te quero fazer. Recordo-te que a minha casa é a da roupa mal estendida: Duas molas por toalha, uma por lençol vincos piores do que os das mães conservadoras que passam a ferro até as calças de ganga. O chão está impecável e o tapete é novo. Onde está o poema perguntas? Está em tudo aquilo que te quero fazer. (poema de Nuno Santos)

como lidas com os muros

 vim cá para ver como lidas com os muros que valor dás às pedras e ao pó e de como os transformas em caminho

neste dia de inverno é nisto que penso

Ficou-nos esta mania Sinto-o todos os dias Somos parecidos. Ficou-nos esta mania de querermos ser felizes. Ouve o respirar concertado É ou não igual?

sementes

Quando pisas o pé descalço no chão da tua terra No desenho que fazes há a marca do teu mundo verdadeiro

A luz acende-se. Está o pátio molhado e cheira a hortelã.

Ver-te assim à janela à espera que o gato regresse e, de repente, fazer-se música aí dentro enquanto a chuva cai. Trago o cesto cheio de fruta madura acabadinha de colher e uma saca de pão. Entro e está o forno a aquecer, a mesa posta. Está a mão na massa. Canta o pássaro na gaiola. Varre-se as migalhas e guarda-se o saco da farinha. Trinca-se umas nozes e recomeça a morrinha. Está um dia bonito e chuvoso. Mas é dia de passo lento e de descanso. Dia de família. Está quase no fim o dia. A luz acende-se. Está o pátio molhado e cheira a hortelã. Arrastam-se os chinelos pela casa e mia o gato lá fora. As jardineiras continuam vermelhas e já demos banho ao cão que vem desenfreado esfregando-se na alcatifa da cozinha. Está, hoje, a casa cheia. E tudo isto acontece enquanto desliza o caracol a baba na parede da varanda. 

Tem esta particularidade interessante de desafiar a lei da graciosidade

 Enrola-se em si por entre os cabelos Tem esta particularidade interessante de desafiar a lei da graciosidade E nem o tempo se ofende! Teima em prolongar o entretenimento Neste enrolar descontraído de dedos em S E fica assim alheada por entre os cabelos enrolados em S por entre os dedos

Ai a minha perigosa vulnerabilidade!

Uns altinhos de toupeira pelo jardim fora. É uma casa abandonada.  Espreito sempre que vejo uma janela aberta em casa abandonada  Vá-se lá saber porquê! O sol que se viu é coisa que não se esquece.  Deve ser por isso que, mesmo em dias de chuva como o de hoje há sempre algo de sol que consigo enxergar.  Normalmente, nos jardins abandonados há coisas de sol.  Como esta que vos exponho.  E eu adoro-te, mas este verão não me há de escapar.  E, de repente, lembrei-me de alguém que anda sempre nas nuvens.  Ai a minha perigosa vulnerabilidade!