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Surge uma melodia suave e bela que cobre toda esta manhã

 Surge uma melodia suave e bela que cobre toda esta manhã.  Vem em abraço gigante alargando.  E o som fininho espalha-se e passeia por entre a multidão.  Agarro-a! Vestiu-se de manhã de verão, à vontade, em andamento lento…  100 batimentos por minuto.  Solta-se em leve piar que encanta os distraídos. E, agora, que vieste devagarinho, aproxima-te, desfilando serenidade. E, já agora, que vieste para me dar a mão, atravessa-me! E a música entra em mim e vai alargando… Acelerando Vai em crescendo! Ondulam as voltas em alegria, andamento rápido 150 semínimas por minuto. Ergues-te em êxtase na agora tarde lenta Rebombam batimentos, pancadinhas agudas no coração.  Pulsação forte, passo firme, passo gigante, corpo a corpo, ondulação serena.  Deixa fluir! Balança!  Música que faz sorrir. Arrepio, pé a tremer.  Os sentidos estão moles, mas alerta, a compasso.  Acelerando Vai em crescendo! Ondulam as voltas em alegria, andamento rápido, 160 semínimas por minuto. Calma!  E a música vai diminuindo

Ensina-lhe o lugar do afeto e do conforto

Ensina-lhe o lugar do afeto e do conforto pega nela ao colo bem juntinho associa-a a um tempo sem pressas E lê-lhe uma história! Devagar, mas com expressividade Bota-lhe sentimento! Se repetires isto muitas vezes vais ver a tua criança a crescer e a aprender a ser um leitor adulto  com o carinho de quem sabe acolher as palavras e as pessoas com bondade.

n u n c a m a i s

Um dia, alguém ou mesmo algo  que nos diz peremptoriamente Nunca mais. Ouviste? Nunca mais. Ponto final exato.

s u a v e m e n t e

Não faz barulho ao entrar Roça ligeirinho pé descalço Saltinhos saltinhos muitos e tudo Asas pequeninas pio dourado Nem se dá conta como nos sussurra  apenas como música que é  de seda  triunfando entre os dedos Não se sabe se azul celeste marfim verde sereno ou triunfo.

quais detentores de um poder - o de uma faca de múltiplas lâminas

A tábua pronta, a faca afiada, a cebola tão nua, descascada (nem sabes o que te espera...) está o avental atento (nem consciência tem dos estilhaços por vir) a toalha ainda descansa dobrada e a faca afiada, mais uns olhos.  E os olhos? - esses ainda não deram por nada...  sempre a mesma cena que te acorda para a espera do inesperado quais detentores de um poder - o de uma faca de múltiplas lâminas.  A cebola ao centro golpeada solta-se em espirro silencioso (nem sabes o que te desespera)  tem a palavra pronta:  - É aqui ou aí que te dói? como choras tu, afinal, se, afinal, sou eu a golpeada?  

Enquanto não houver paz, não te deixes em paz.

A natureza estrebucha por todos os lados. Exige aquilo que lhe pertence por direito e que lhe é negado. Demonstra por A mais B que não está em paz e manifesta-se de qualquer forma. Num ribombar angustiante, em ondas de exagero, cuspindo plástico, treme a terra e desfaz, faz surgir calor no frio e frio no calor. Nós. Fazemos de conta. E por muito que se renove a imagem do cardápio, andam as ementas tortas. Não sabe a nada o pêssego, está sempre podre a laranja, não há sequer tomate que saiba a tomate nem a hortaliça é tenra. O que nos vale é o abacate. Nós fazemos de conta que gostamos. Paga- -se gourmet e nem se bufa. Continuamos pretos e brancos, magros e gordos, lindos e feios, ricos e pobres. E somos iguais. Cada um, safando-se como pode. Um aperta, outro afrouxa. Um tem sorte, outro azar. Vence sempre o mais forte ou quem o aparenta. E ninguém ainda descobriu se a causa de tudo isto é mau olhado, castigo dos deuses, a implacável lei do retorno ou é tudo uma questão de incompatibili

a beleza é coisa tardia

é tal e qual como te dizia e nem poder posso  contar-te como é bom este sabor a amoras doces colhidas à beira da estrada um ror de roseiras bravas tempero terno desta idade de suaves matizes que me faz recordar-te como gostava de aparecer agora e dizer-te baixinho a música que compõe os meus dias

É ouro sobre azul

É um e outro que se juntam É um que surge e outro que pode mágico rigor de quem se quer bem uma palavra, um gesto minutinhos preciosos, passo a passo algo que se constrói aos pouquinhos e vai crescendo e aparece

Quando acontece a seco e nem lava - pior ainda

O naufrágio nem sempre é coisa de mares Quando acontece a seco e nem lava pior ainda nem sequer um último destroço a que te agarrares