Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

caminham filados na intenção

o jovem casal segue o som do apito estridente da velha carruagem incrustados de luz caminham filados na intenção

medes-me a cintura num abraço

Tenho um vestido azul claro abotoado manga em balão a meio braço três voltas de tecido a meia perna. Prendo-te a este vestido por um laço tu medes-me a cintura num abraço.

sidero

são estrelas as que vejo não de-sejos essas são as que desejas que deixaste de ver que esperas a céu aberto não as que vivo todos os dias: as que vejo as que escrevo as que tenho (O verbo desidero vem da palavra sidero , que significa «relativo aos astros», ou também «conjunto de estrelas». Sendo assim, de - sidero significa «ignorar as estrelas», ou também, «deixar de ver as estrelas», em seu sentido astrológico. Se as estrelas na antiguidade eram o elo de ligação entre os homens e os deuses, então desejar significa ficar à deriva, à mercê, nas rodas da fortuna, deixar de guiar-se pelas mensagens divinas. https://razaoinadequada.com )

tantos e tantos! coitados! - dizes tu

há tantos e tantos neste mundo: há os que esperam pela hora da sorte,  e os que curtem as benesses do azar, há gente jovem, mas envelhecida há gente velha de alma jovem, há os sozinhos e os acompanhados,  os que veem tanto, mas nunca entendem nada,  e os que topam tudo à distância. tantos e tantos! por este mundo fora há os que sorriem e os que choram, os simples e os complicadinhos, há gente feliz com lágrimas, os que sorriem por não saberem chorar e gente tão seriamente feliz. tantos e tantos! somos o mundo há os de fora que entram e os de dentro que se esgueiram,  os que andam evitando a morte, escapando na luta há os que vivem e os que sobrevivem os dos pedaços de vazios e ódios instalados  há os irremediavelmente desastrosos  ou os fabulosamente imperturbáveis há os que se sentem puros e os que se pensam pecadores há os que acham que só acontece aos outros  há os que vivem de ausências e os tão cheios de multidões há os que se sufocam armadilhados...

Sol

permitiu a t’shirt que entrasse por um rasgo de tecido lasso o Sol sim, hoje, deu-me o sol nas costas e no peito acolhi-o o Sol de rosto alevantado e que bem me soube e que mais houvesse

!

um ser humano entretido com livros é um ser humano que não chateia   - como diria o meu amigo mal parado -

ele deixa de fora as partes mais feias do drama

admirem-no que ele gosta mas não façam muito barulho sejam discretos  não queiram ser o que ele almeja (título de Tatiana Faia)

partes do mesmo todo, um mar de cor pelo chão

 uma chuva desvairada, cansada de molhar ao de leve,  atira-se contra as vidraças por querer à força dizer que cá está  sentindo-se iluminada, vem acompanhada pelo vento par perfeito para uma inquietude invisível separa-os um mundo de fúria e de suor,  uma espécie de combinação de canto e grito bater feroz de oficina ao ar livre folhas em rodopio por todo o lado,  ondas amarelas e vermelhas, verdes em musgos qual escarcéu,  um marulhar de versos pelo chão e as nossas bocas e olhos bem abertos, absorvendo tudo em redor partes do mesmo todo, um mar de cor pelo chão embora o amor em caos, fico apaixonada por este vento e por esta chuva, pelo ar,  pelas pequenas belezas da natureza,  pela eterna música e por estes pássaros que teimam em trinar em plena chuva

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio

assentando o cu neste estrado duro miro lá mais para a frente o despontar de ouro no horizonte ( a escultura é de Fernando Botero e o título é de Ricardo Reis)