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A mostrar mensagens de julho, 2024

há sempre uma aguarela soberba

citarei um escritor famoso para além de cada túnel  - diz ele meticuloso - há sempre uma aguarela soberba - fim de citação –  como são mágicas as cidades e as gentes, como tu e eu,  que nos descobrem

a branca da areia

a branca da areia que se ajeita neste mar de azul intenso ondas e ondas que deslizam rasteiras ui! que delícia! e eu passo a passo troto-as nem sei se ser de escamas ou de asas é que este corpo é fogo aceso que o aceita mosaico de verdes e azuis que me invade abro os braços e deixo-me tombar  em cama gigante onde a espinha se alivia de todo o peso e sou umbigo ao céu rendida ancas em silêncio, fêmea esculpida

A não compreensão é forma de deixar acontecer, da possibilidade de uma experiência

O olhar estrábico fixa-se na cana do aquilino nariz.  São tão pequenos os olhos para tão apurado olfato.  É mais pesada a cabeça que leves os pés, tão assentes no chão.  Não como quem se dispôs ao caminho,  mas como quem se resigna a um cansaço.  Constituiu-se ela própria como montanha mágica,  convidando a que a subam, numa atitude displicente, descarada.  Não há mãos que se exibam,  é exageradamente centro de boca silenciada, mas rei na barriga. Tiro certeiro. ( o título é uma frase de Thomas Mann)  

E o extraordinário suavemente tomará conta das suas vidas

Não peças aos teus filhos vidas extraordinárias.  Mostra-lhes!  Um fruto maduro ou a delícia de um final de dia de verão. Como se deve chorar no momento certo ou rir ou falar ou desabafar quando tiver de ser. Fá-lo sentir o toque de uma mão. O lado encantador dos dias. E o extraordinário suavemente tomará conta das suas vidas. (ouvido algures…)

eclipse

Se assumimos a verdade, o mais provável é sermos castigados se deixamos brotar o que nos vai no coração, tomam-nos como uns fracos se estamos com vontade de chorar e choramos, diagnosticam-nos depressão se manifestamos excesso de felicidade, talvez seja bipolaridade e quando tocamos na ferida, somos de uma crueldade atroz! É tão difícil ser correto, direto e genuíno! É muito mais fácil anexarmo-nos a uma morna errata temporária. E é assim que se vai aperfeiçoando a hipocrisia!

mas era digna de reparo nesta rua dos Bobos, número zero

levantou teto, levantou ferros deixou o céu a descoberto bateu com a porta, deu à soleta soçobrou esta janela aberta já não é casa de uma só parede é entrada de céu, mergulho de prancha cruzam-na as aves (inspiração: A casa de Vinicius De Moraes)

bela e altiva, dádiva generosa

esta é a força com que a agarro é minha e passa no exame e agora a ouço como respira para dentro bela e altiva, dádiva generosa morada a que recorro sempre  que quero restabelecer o equilíbrio

um tempo em arrepio

É sempre um prazer renovado percorrer este espaço casa, lugar de sorrisos e de boas energias.  À porta de entrada as quatro que afinal são três: inverno, primavera, verão e verão. O calor repetido. Entra-se e sente-se uma voz que convida à deambulação. São as árvores frondosas que se esticam em desmesurado abraço. E, por dentro delas, vou-me encaixando. O tulipeiro e a tília, as camélias e a magnolia grandiflora, as palmeiras e a araucaria. Tudo em tamanho gigante. E depois há os pombos, os patos, as galinhas e os pavões que rasgam o silêncio do espaço com os seus pupilares estridentes. Os bancos, as fontes, sete flores de lótus para uma só coluna. Trilhos de raízes que conquistam este chão e uma paisagem que se estende muito para lá deste espaço. E no meio de toda esta beleza, há uma varanda a unir eternamente os distantes: muito para além deste alpendre, muito mais do que um rio atravessado por uma ponte e ladeado por casarios. Uma mulher e sua corça. Um tempo em arrepio.  Um sítio c

não deixes que a vida toda te vença

este dia é já cheio e as flores bonitas brinca o sol com este vestido às riscas é tarde que transborda e é dourada e arde  é já tanta a tarde tarda a noite ainda diz que a vida é brava porque toda não deixes que a vida toda te vença dá-te apenas por vencido no fim deste dia cheio nunca para com todas as manhãs e noites claridade que se adivinha sombra que se sonha