Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2025

no reino

quase nefelibata: não vivo, aprecio apenas

contamos os pingos que escorriam da calha

ontem, prolongamo-nos demoramo-nos à chuva contamos os pingos que escorriam da calha foram exatamente 1342 e nós dois sentados e, sem contar,  a braços, enrolados d e m o r a n d o  na chuva prolongados

sol de outono

O sol de outono não queima, mas recorda labaredas.

eram os olhos das árvores

Quem sabe se alguém quis que os fios do destino se cruzassem neste dia. Este fruto quase insignificante, mas com tanto significado para mim surgiu no meu caminho. Ali estava ele num qualquer passeio acabadinho de cair aos meus pés. E não foi que esta moçoila ficou toda nostálgica!?  Foi no quintal da minha avó Ana que se deu a descoberta. Lá havia uma avelaneira sem saber que o era. Na minha cabeça de criança, aqueles nódulos minúsculos que nasciam por entre folhinhas pequeninas eram os olhos das árvores. Uma dessas descobertas foi perceber que afinal aquela árvore dava fruto. E como custou perceber que aquele pequeno olho era afinal um pequeno fruto! E bom! Ainda hoje adoro avelãs.

esta beterraba bem podia

qual cor esta no balcão da minha cozinha qual vibrante cor a pulsar na minha mão porte altivo, porte terra esta beterraba bem podia ter chegado à categoria de obra d’arte disfarçada densa, carne rija, raíz talhada à minha medida força, sangue, mulher

o elefante na sala

diz querer passar despercebido diz estar farto de atenção diz sentir-se agradecido diz não gostar de exposição e não pretende mais levantar ondas não. nem sequer dar o dito por não dito está convicto. o melhor é o disfarce mas deixa a descoberto  os olhos (que é coisa óbvia) a tromba (que é coisa feia) ( Elefante na sala , Maurízio Catellan, Serralves, até janeiro 2026)