Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2024

disparo à queima roupa

não fica mais de um minuto assim em pose vaidosa solta trinados que escuto  e eu sem pio cautelosa testando-me a destreza de um disparo à queima roupa

desvairados girassóis

era a estrada eram faróis em pura velocidade desvairados girassóis rasgando à noite metade o que dizias depois era memória ou verdade só sei que prendia os dois numa única ansiedade nem cobardes nem heróis na perdida liberdade amor, amor que corróis tão frouxa a nossa vontade ó sem razão, como dóis na sua atroz qualidade e te rasgas nos faróis em louca velocidade poema de Vasco Graça Moura

és o meu mar

 Não tem nada que saber. É o Mar! Vais lá, aprecias, olhas e vês. É o Mar! Usufruis. Respiras. Cantarolas. É o Mar! Há sol. Há vento. Há pôr do sol. Há estrelas. É o Mar! Páras. Apontas. Sorris. É o Mar! É o Mar! Magnífico. Imenso. É meu. É teu. É nosso. Vais lá, limpas, não sujas. Respeitas! É o Mar! Quando regressas, podes dizer: -Esmerei-me! É o Mar! É o Mar! E podes sempre voltar!

nos cabelos algas ou fenos das areias

qualquer dia nascem-me nos cabelos algas ou fenos das areias qualquer dia sou do lugar dos versos renomeio-me centáurea das dunas qualquer dia pinto-me de mar espelhando azul qual cardo marinho qualquer dia crio raízes e fico caladinha qual cordeirinho das praias

Adão e Eva no paraíso

Aquele azul ao fundo parece uma provocação... E é! Ó pequena iguaria do dia! Que me insufla o peito de maresia.

um ponto final

Um ponto final é um círculo fechado, sentado ou em pé. É um bicho venenoso que mata uma frase com a própria bicada. Um ponto final não tem vergonha do seu corpo porque fica bem em todas as fotografias. É um asterisco sem barba. Por muito que tente passar despercebido, um ponto final é um elefante entre duas frases. É uma moeda pousada, em desuso. Um símbolo que chega sempre tarde. Um atalho para casais desnorteados. O ponto final foi inventado por uma pessoa que gostava de mandar calar, mas não gostava de escrever. O ponto final pode ser branco se a tela for escura. (texto retirado de  https://www.instagram.com/mal.parado/)

silly season

Garanto-vos que havia um urso branco sentado na rocha à nossa frente a fazer-nos lembrar que o planeta não está grande coisa e que, à nossa esquerda, havia quatro espreguiçadeiras com toldos a fazer lembrar as tendas dos índios do velho faroeste com gente esticada ao sol e pouco preocupada com as alterações climáticas. À nossa volta, as mesas postas como se fosse domingo em casa da mãe com café a quase três euros e, nesta cabeça de nuvem, um chapéu de palha emprestado para compor este cenário límpido que, nesta foto, não serve para mais nada a não ser relembrar-nos que não há luxo mais saudável que é a vontade de usufruirmos.

repete as sílabas/ onde a luz é feliz e se demora

tenho a boca pronta de tudo para te contar  - agora nos olhos um clarão, do peito escorre água abraço é palavra que não deixa ir embora e tudo renasce diz   a-bra-ço assim palavra silabada para que demores (o título são versos de Eugénio de Andrade)

i'm a sports lover

um olhar deambulante pede corpo como quer traça os pés itinerâncias dá ao peito mais poder dá-te a mão e pede urgências vira a esquina radiante

pela boca morre e não é peixe

enquanto os barbos e as  taínhas nadam airosas por entre o lodo andas tu a saber de mim fizeste bem em esquecer como se lança o anzol as taínhas e os barbos agradecem teres deitado por terra o jogo do pela boca morre e não é peixe