Guardo a rua que se afasta e as pétalas que se agigantam quando semicerro o olhar Daqui deste alpendre, arranco pensamentos desta cadeira onde me baloiço na quase-noite Há lírios matizados no peitoril da janela quebrada e azulejos perfeitamente desenhados A luz tremelica dentro do cubículo vejo-a cá de fora. Guardo o grito que fere o entardecer o rouco ladrar que estala ao longe o último pio dum pássaro que atenta em zig-zag o gato esquivo Guardo a aranha que teia o escaravelho que salta a escada e a escada que conduz à poeira que a chuva já amainou. Guardo a púrpura tarde! Há cheiro a buganvílias e jacintos uma tarde vaporizada… O chão está quente – dizem-no os meus pés descalços O vento suave – dizem-no os meus cabelos parados Daqui deste alpendre guardo o meu olhar que se estende para lá, muito para lá da tarde Respiro e guardo A paz que desce da espinha aos pés.
Algo que interessa ou não... Não sou única nem diferente... Gosto de desanuviar e, quem quiser desanuviar comigo, é bem vindo.