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Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2025

silêncio concertado

É andar de mãos dadas sem dizer nada Respirando apenas e centrando a atenção naquele par de mãos  que se acharam e acharão  entrelaçadas 

não há só gaivotas em terra

um reconhecimento simples, sentido. pessoas maravilhosas que tive oportunidade de conhecer no âmbito de um curso de poesia/ técnica vocal (que ainda não terminou… estamos apenas em pequena pausa). foi um mero acaso nos termos juntado. foi talvez a força da palavra que nos uniu. muitas horas juntos a desbravar textos, a explorar as potencialidades das nossas vozes. e tanto que descobrimos. nem fazíamos ideia de quanto potencial guardávamos. quantas maravilhas ainda tínhamos para explorar. este momento mágico veio na hora e na idade certa. tenho sentido imenso prazer em dar a conhecer a minha voz em várias situações. cada vez mais descontraída. cada vez mais segura. cada vez mais feliz. ganhei amigos bons. e quando um Homem se põe a pensar chega a uma conclusão. há uma idade na vida em que todos parecem desaparecer. parece ninguém ter tempo nem paciência para estar. parece que anda tudo ensimesmado e vazio. e depois há uns poucos que vão aparecendo devagarinho, mostrando-nos que não há s...

Queda

Subiu como quem sobe para cuidar com um regador na mão - o dia a brilhar. No topo do prédio, um jardim suspenso, um céu de cimento, um silêncio imenso. Entre vasos e folhas, não viu o sinal A curva do acaso, o gesto fatal. Pisou – sem saber – numa casca traidora O chão fugiu-lhe e a vida. Caiu. Caiu como caem os segredos no escuro Como caem as certezas no abismo mais duro. O vento a gritar o nome que já foi… Mas não! No meio do nada como se uma parede surgisse Como se o próprio destino intercedesse e ouvisse Ali, um brilho, memórias sem som: a infância, os risos, o tempo que é bom. Marcado por um contador Mostrou-lhe a vida: o amor e a dor: o primeiro choro, os passos, os erros, os olhos da mãe, os gestos sinceros. Compreendeu! Não era só um fim. Era o espelho da estrada. O instante em que a alma é pesada! Sem luta. Sem raiva. Nem um grito. Sorria no vazio. Era bonito. Aceitou. ( mais um trabalho de escrita criativa a partir de um pequeno filme da autoria de Iara Oliveira, 9ºC)

um mar de roupa

Que tal começar por uma personagem? Quero que se chame Renato. E quero que ajude o seu pai Alfredo a arrumar uma mala. Mas não será uma mala qualquer. Quero uma mala onde as coisas entrem sozinhas e se dobrem por si só e onde os cintos se mexam como serpentes. Não quero que a mala seja de viagem, das paradisíacas. Quero algo mais triste e sério, do género partida em trabalho. Quero uma família que não seja normal. Quero algo mais criativo e diferente. Quero estranhos que morem numa cidade pequena com um carro pequeno e velho. Mas quero uma mala. Uma mala que simbolize um momento. De pai para filho. Quero uma despedida. Esta mala abrir-se-á em ferida. Uma ferida em estrada. Quero também um mar de roupa que simbolize a confusão. Quero um pai que falecerá e deixará a família triste. Um pai que só pensou em trabalho para dar uma vida melhor ao Renato. (texto de Neuza Ferreira, aluna de 9º ano, desafio de escrita criativa lançado a partir do pequeno vídeo que acompanha este texto)