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Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2025

Quem escreve lida com estas matérias de dentro e quem as lê é porque as procura.

Tu que me lês há tanto tempo, vê só quantas emoções por aqui passaram, vidas cruzadas, temores, alegrias, satisfações, desilusões, desabafos, amizades, ódios, mas tantos sorrisos. Os do lado de cá e os do lado daí. Quem escreve lida com estas matérias de dentro e quem as lê é porque as procura. São de todos nós estas linhas que vão sendo gravadas na linha do tempo. E o tempo tem as suas vantagens: acerta-nos o passo. Faz-nos apreciar as emoções, sejam elas boas ou más, preservar o que é nosso, coloca tudo no sítio certo. Acelera ou desacelera na medida certa. Não nos desculpa nem disfarça. O que nos é, insiste. O que não nos pertence, deixa-nos devagarinho. A escrita das emoções é algo que me insiste. Não consigo conceber a ideia de viver algo intensamente sem vontade de o escrever. Não de forma nua e direta, mas como se fosse um jogo de ideias, bem vestidas, mas que se atropelam e, ao se atropelarem, se organizam. Não consigo deixar de reparar nos outros, sentindo (quem anda em transp...

primeiro, respira, depois, repara

Primeiro, respira. Nem que seja com a parte do pulmão que ainda acredita. Depois, repara: - o mundo não acaba. Nunca acaba. E a vida, essa sem-vergonha que se reinventa ensina-te que amarás de novo. Talvez de forma mais tímida Ou com o exagero dos que já perderam tudo. (Andrea Fernandes)

Não concluas que é sempre fria a água do balde.

Não suponhas que as formas nascem do olhar. Não questiones a razão da tua cor. Não te impressiones com muros iluminados. Não te esqueças que não há gritos com respostas. Não queiras quem caminhe ao teu lado indiferente. E nunca tentes emendar o que não tem conserto. Nunca leias um livro único uma única vez. Não tentes aprender equações repetindo. Nunca te arrependas do relâmpago duns lábios procurando outros lábios. E nunca pretendas decifrar mistérios. Não batas a nenhuma porta para matar a tua sede. Nem mates os anjos com beijos revoltados. Não duvides da inevitável solidão do tempo. Não leves tão a sério o desejo. E nunca esperes por uma palavra – di-la! Não concluas que é sempre fria a água do balde.

Guardo a rua que se afasta

Guardo a rua que se afasta e as pétalas que se agigantam quando semicerro o olhar Daqui deste alpendre, arranco pensamentos desta cadeira onde me baloiço na quase-noite  Há lírios matizados no peitoril da janela quebrada e azulejos perfeitamente desenhados A luz tremelica dentro do cubículo vejo-a cá de fora.  Guardo o grito que fere o entardecer  o rouco ladrar que estala ao longe  o último pio dum pássaro  que atenta em zig-zag o gato esquivo  Guardo a aranha que teia  o escaravelho que salta a escada  e a escada que conduz à poeira  que a chuva já amainou.  Guardo a púrpura tarde!  Há cheiro a buganvílias e jacintos uma tarde vaporizada… O chão está quente – dizem-no os meus pés descalços O vento suave – dizem-no os meus cabelos parados Daqui deste alpendre guardo o meu olhar que se estende para lá, muito para lá da tarde Respiro e guardo A paz que desce da espinha aos pés.
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