Por mais que faças
não faças nada.
Enrodilha-te como uma cobra
nas matas.
Sofre, morde se alguém te toca
e assobia de vez em quando
uma ária que ninguém goste.
És de ti, não dos outros
és dos tempos que vão correndo em ti
mas não hás de morrer assim.
Tenho uma fé cá comigo
que ainda há de aparecer na vida
alguém que te conte a história até ao fim.
(revirar em verso da prosa torguiana - Miguel Torga, Diário I, 1937)
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