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é rua que nos leva a peito

vou-vos falar do verão e das ruas: no verão as ruas ganham outro espaço e nas ruas o verão ganha outra luz e eu por dentro deles ganho outra cor é a simbiose perfeita qualquer branco ou azul ou amarelo me cai bem e vivo os dias por fora soa a cigarra, o sol toca a pele – é verão na rua e em mim pousa-se o lombo na terra e ganha-se outro ar  abre-se as axilas ao vento e ganha-se asas cheira-se e de peito inflamado é rua que nos leva a peito

era o rio agora mar

Lá vai a Catraia com sua vela tipo bastardo a aproveitar-se do vento. Estão lançadas as redes ao mar e de olhos postos nos boréis só resta esperar que indiquem ordem de alar.

depois de ter beijado demoradamente a mão que elas lhe estenderam

quando dizemos «as mesmas coisas» há um tom com que as olhamos quase pesar, quase injustas e, no entanto, ali estão sempre «as mesmas coisas» a insistir nada possessivas imperiosas só sendo tão nossas

100 mg de vitamina C para adultos saudáveis

As laranjas são ricas em vitamina C. E eu, às vezes, como-as. Compro-as. Não as planto. Não tenho terreno para laranjeiras. A minha avó teve. A minha mãe também. (E que saudades tenho do tempo em que subia laranjeiras e comia laranjas que eram apenas sabor, sem ponderar se eram ricas em vitamina C.) Mas por que motivo são as laranjas motivo deste texto?  Por me ter deparado com uma casa coberta de laranjeiras. Cenário magnífico e digno deste registo fotográfico e escrito. Decidi, entusiasmada, assaltar uma dessas árvores e comer uma laranja à beira da estrada. Nem sei se as laranjeiras eram da casa ou da estrada. Minhas não eram. Mas esta que comi passou a ser minha. E se a laranja que comi tivesse sabido bem, teria sido um momento quase divinal, quase musical a fazer lembrar os tempos em que subia laranjeiras.  Ora, quem olha para a fotografia que acompanha este meu texto ficará a pensar que as laranjas eram mesmo boas. Mas nem sempre o que parece bom é bom. E neste caso era só bonito

e, como não rezo,

sou otimista pela minha indissociável união com o ótimo e, como não rezo, com certeza não irei para o céu

coisas invisíveis que chegam a algum lado

a luz da tarde dará forma ao sorriso quando as receberes

num lugar-pessoa onde se constrói a paz

Amor não é coisa vã, não é assunto lamechas ou motivo melancólico. Amor é assunto sério. Muito sério e que se torna cada vez mais sério à medida que a idade vai avançando quer pela abundância dele quer pela ausência dele. O tempo comprova se realmente vivemos ou não vivemos em amor. Se conseguimos ou não conseguimos lidar com tão rigoroso e exigente empreendimento. Se temos ou não temos essa experiência. Se tivemos a inteligência de ganhar minutos que se converteram em tempo de ouro. Se fomos ou não capazes de vencer o egoísmo e o orgulho. Se nos demos ou não. Se conseguimos ouvir o outro ou não soubemos entender nada. Se estávamos lá sempre ou se só estávamos quando precisávamos.  Amor é uma das mais difíceis tarefas porque é estar com e num lugar-pessoa onde se constrói a paz.

Lembra-se de um rapaz índio?

 Lembra-se de um rapaz                                         Índio? Nascido no ano de 2010?          Que precisava de amigos E tinha a sorte na mão? (Um que tudo queria             Tanto desejo, tanta emoção Muita vida, pouca razão            Para quem quer tudo em vão.) Vem aí a amiga                     Índia! Ajudar a esperança distante                                     Num instante A vida renasce           Para o pobre sortudo de 2010. (experiências poéticas em sala de aula com adolescentes irrequietos)

Um dia de maio

Um dia de maio em sérias movimentações de verde esperança. Um tempo de territórios por ocupar mas disfrutado. Um lugar de sementes. Um nascer de ideias.